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O bloco de rega de Canhestros, ocupa uma extensão de 100 km2 e integra-se na 2ª Fase do Perímetro de Rega da Barragem de Odivelas, tendo sido a primeira estrutura do vasto sistema hidráulico baseado na Barragem do Alqueva, a entrar em funcionamento, em Fevereiro de 2002. No âmbito de um projecto de monitorização piezométrica e de qualidade da água subterrânea para a referida área, celebrado entre o IGM e a EDIA, tem sido realizadas periodicamente amostragens à composição físico-química da água subterrânea, incluindo compostos orgânicos de alguns pesticidas e nitratos, que constituem elementos indicadores de contaminação agrícola. A avaliação das condições hidrogeológicas e da vulnerabilidade à poluição dos sistemas aquíferos em áreas de agricultura intensiva reveste-se da maior importância para a definição da situação de referência dos aspectos hidrodinâmicos e de qualidade da água, numa fase anterior aos previsíveis impactes que as alterações do uso do solo e o incremento do regadio inevitavelmente irão provocar. O sistema hidrogeológico dominante na área de estudo corresponde à Formação de Esbarrondadoiro (Miocénico), de fácies detrítica, e aos depósitos Plio-Quaternários de cobertura. É possível identificar-se um aquífero superficial poroso livre e em profundidade vários níveis aquíferos confinados, constituindo no conjunto um sistema multicamada complexo, em que o aquífero superficial se apresenta mais vulnerável à contaminação pontual e difusa de origem agrícola. De acordo com diferentes metodologias empíricas e critérios hidrogeológicos a área do Perímetro de Rega de Canhestros, classifica-se, relativamente ao aquífero superficial, como área de vulnerabilidade média a extremamente elevada à poluição agrícola (ver tabela). Em face dos resultados preliminares do trabalho de campo não é aconselhável o uso agrícola das águas subterrâneas da área do Perímetro de Rega de Canhestros pelo elevado risco de salinização dos solos, potenciado pelo clima quente e seco da região. Não foram detectados valores significativos de fitofármacos no aquífero livre (ver tabela) e os teores em nitratos são normalmente inferiores a 25 mg/L, à excepção de alguns casos pontuais sem representatividade espacial (ver tabela). Os resultados obtidos com os trabalhos em curso, sob a forma de diagramas, índices hidrogeoquímicos e mapas de isovalores, serão posteriormente integradas em Bases de Dados/SIG constituindo instrumentos de gestão ambiental importantes na definição das futuras redes de monitorização, a implementar no final do projecto.
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Keywords
Hidrogeologia Aquíferos Vulnerabilidade Poluição agrícola Nitratos Pesticidas Monitorização Bloco de Rega de Canhestros (Portugal)
Citation
Paralta, Eduardo; Francés, Alain; Sarmento, Paula A. Caracterização hidrogeológica e avaliação da vulnerabilidade à poluição agrícola do aquífero Mio-Pliocénico da região de Canhestros, Alentejo. In: 6º Congresso da Água, APRH, Porto, 18-22 Março 2002